Plano de saúde que ignorar prazo terá multa e suspensão
Operadora tem que garantir consulta, mas não um médico à escolha do cliente
A multa é a partir de R$ 80 mil e a reincidência pode fazer a operadora de plano de saúde ser impedida de vender novos planos. É que, desde ontem, elas estão obrigadas a garantir aos consumidores o atendimento às consultas, exames e cirurgias nos prazos máximos de três a 21 dias, contados da data de marcação.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que implementou a  norma, disse que o consumidor precisa entrar em contato com o órgão  depois de obter um número de protocolo com a operadora, caso não tenha  sido atendido, para iniciar o processo de investigação e punição. "Vai  ser analisado caso a caso", informou.
"A ANS não pode interferir na capacidade de atendimento dos  prestadores (médicos) e, sim, regular para que haja no mínimo uma  alternativa disponível, ou seja, a operadora deverá garantir o  atendimento no tempo previsto, mas não exatamente com o profissional de  escolha do beneficiário", disse a diretora adjunta de normas e  habilitação dos produtos da ANS, Carla Soares.
Outra regulamentação foi sobre a ausência de médico credenciado  em uma cidade. Neste caso, a ANS informou que as empresas de planos de  saúde serão obrigadas a garantir transporte caso não haja oferta de rede  credenciada no município e municípios limítrofes.
O diretor de provimento de saúde da Unimed-BH, Luiz Otávio  Fernandes de Andrade, disse que a resolução da ANS deixa o ambiente de  negócios bom para as "operadoras sérias". A empresa já oferece marcação  pela internet com 1.300 médicos cadastrados. Até março de 2012, qualquer  cliente Unimed no Estado também poderá agendar consulta online com  4.000 profissionais. Procuradas pela reportagem, Amil e Santa Casa Saúde  não quiseram comentar. A Bradesco Saúde disse apenas que "cumpre  rigorosamente a legislação".
Perguntas e respostas da ANS
A partir de quando o prazo máximo para atendimento passará a contar? 
A  partir da data de marcação da consulta ou procedimento. Se o consumidor  não conseguir marcar, deverá acionar a operadora para obter um  protocolo de reclamação; o prazo passará a contar a partir desta data.
Os prestadores (médicos) serão penalizados caso não cumpram a norma?
Não. Quem deve garantir o atendimento são as operadoras de planos.
A ANS vai obrigar os médicos a atenderem no período determinado pela norma? 
A ANS não pode interferir na agenda dos prestadores de serviços.
Se não houver prestador credenciado em uma cidade, como o plano de saúde deve agir?Empresas serão obrigadas a garantir transporte caso não haja oferta de rede credenciada no município e municípios limítrofes.
A advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Joana Cruz, esclarece que é importante o consumidor guardar o número do protocolo de solicitação de atendimento para saber quando começam a ser contados os prazos de atendimento previstos na tabela da Agência Nacional de Saúde (ANS) e se precisar reclamar.
"Deve guardar também qualquer outra informação que comprove que o  consumidor procurou a operadora, anotando o nome de quem o atendeu,  data e hora do contato, forma de contato, local, dentre outros",  orientou Cruz.
Joana Cruz disse que se o consumidor tiver esses direitos  desrespeitados, ou seja, não for atendido nos prazos, deverá procurar a  ANS, o Procon ou o Poder Judiciário. (HL)
A norma da Agência Nacional de Saúde vai ser cumprida?
Se  as operadoras não credenciarem mais médicos, essa norma não vai valer  nada. As operadoras vendem o plano de saúde e não ampliam a rede de  atendimento. Não vi nenhuma credenciando médico, a não ser a Unimed.
O que o consumidor precisa fazer, então?
O usuário tem que denunciar o plano de saúde que não está cumprindo a norma à ANS. É importante que a população denuncie.
Por quê? 
Porque as operadoras estão confiando na ineficácia da agência em fiscalizar.
Quais planos devem ser atingidos com a norma da ANS?
São  dois tipos. Aqueles planos que vendiam sem rede contratada (sem  especialidades). Aí, o consumidor ficava &145;trançando&146; municípios para ser  atendido. O outro problema é que as operadoras, na grande maioria, não  têm credenciado médicos. (HL) 
